sexta-feira, 22 de junho de 2007

O polegar e o indicador a desenharem o zero

Diz-se “a conversar é que a gente se entende”. Mas nem sempre é verdade. Platão escreveu: “Podes descobrir mais sobre uma pessoa numa hora de diversão do que num ano de conversação”

Um dia, num desses jogos de pergunta-resposta, certa pessoa, que tu já sabias quem era e é, acabou, em público e num desses jogos, por revelar a todos quem, afinal, era e é. Essa pessoa, por acaso rábula (não sei se isso é conatural à profissão ou à pessoa; na melhor das hipóteses, congénito às duas situações) fez a pergunta ao seu parceiro de jogo levantando a mão unindo o polegar ao indicador de modo a representar um zero; a resposta era zero: O polegar e o indicador a desenharem o zero


“Podes descobrir mais sobre uma pessoa numa hora de diversão do que num ano de conversação”. Esse rábula, sempre, foi trapaceiro.

Em vários anos de conversação já eu descobrira a natureza desse rábula, nem eu precisava dessa hora de diversão; os outros participantes no jogo é que talvez não o tivessem descoberto na conversação, mas, sem disso tomarem ou quererem tomar consciência, toparam o rábula nessa hora de diversão: riram-se e por aí ficaram – era jogo, ainda não conheciam Platão.

Na hora de diversão o rábula confirmadamente voltou a revelar-se trapaceiro, embusteiro, burlão e até, de certo modo, gatuno: passe o pleonasmo, a natureza natural autorevela-se.




Sem comentários:

Arquivo do blogue