terça-feira, 2 de maio de 2006

A mentira que nos faz rir - de desprazer




Não é necessário ser-se culto (ou muito culto) para se saber que só podemos amar (= amamos) o que ou quem conhecemos. Logo, Mr. De La Palisse, não podemos amar (= não amamos) aquilo ou quem desconhecemos.

De facto, não podemos amar a pessoa que mora no 2º andar do prédio mais próximo, à esquerda de quem olha de frente, da Câmara Municipal de Xangai ou de Nova Iorque ou de Bagdade ou de Telavive ou de Roma ou de outro lugar que desconhecemos. Porque, neste momento, não a conhecemos: o que ou quem não conhecemos não somos capazes de (=não podemos) amar.

Ouvi, há dias, alguém dizer-me "Amo a Deus, a Jesus". Ora essa pessoa nunca leu a Bíblia, não tem nenhuma noção do que seja a literatura neo- e vetero-testamentária. Porque passou por uma catequese elementaríssima e deficiente, terá ouvido dizer "coisas..." sobre. Nada sabe sobre Jesus Cristo,etc. De "Deus", está como todos nós: não sabemos nada, a não ser conjecturas; conjectura, ou seja, juízo formado sobre meras aparências, indícios ou probabilidades; suposição; hipótese; presunção.

Aquele "Amo a ..." é falso porque é inane, não contém nada no interior, é vazio, oco; é nulo e fútil; é ofensivo da racionalidade humana, porque é mentira, tout court. A mentira é exactamente a inversão da realidade.

Multiplicar esse caso por milhões: resulta.

Temos de rir ~~~~~~~~~~

(Com o odiar dá-se o mesmo: não podemos odiar o que ou quem não conhecemos)

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