quinta-feira, 1 de junho de 2006

calamidade composta de todas as calamidades



01jun06:

O que é a guerra?
Resposta:


1- “É a guerra aquela tempestade terrestre, que leva os campos, as casas, as vilas, os castelos, as cidades, e talvez em um momento sorve os reinos e monarquias inteiras. É a guerra aquela calamidade composta de todas as calamidades, em que não há mal algum que, ou se não padeça, ou se não tema, nem bem que seja próprio e seguro. O pai não tem seguro o filho, o rico não tem segura a fazenda, o pobre não tem seguro o seu suor, o nobre não tem segura a honra, o eclesiástico não tem segura a imunidade, o religioso não tem segura a sua cela; e até Deus nos tempos e nos sacrários não está seguro” (Padre António Vieira (1608-1697), Sermão Histórico e Panegírico nos Anos da Rainha D. Maria Francisca de Sabóia).

2- Em Actual do Expresso de 06 de Maio de 2006, p.58-59, Luísa Meireles fez a recensão de A Fé em Guerra de Yaroslav Trofimov. Daí respigo algumas espigas. Com a indispensável vénia:

Yaroslav Trofimov é um jornalista, que acaba de estrear-se na arte das letras com um livro que né um pequeno mimo: A Fé em Guerra. [...] trabalha para o influente The Wall Street Journal, cujo editor foi capaz de lhe dizer, dias após o 11 de Setembro: “Vai e tenta perceber porquê”. Uma semana depois, Yaroslav aterrava na Arábia Saudita.

Relativamente à invasão-guerra do Iraque «Yaroslav confessa que acreditava que fosse de libertação, mas a realidade depressa o fez perceber o contrário. ” Nem três dias depois do início da guerra, o colapso da sociedade civil já era considerado um mal superior à repressão de Saddam “, escreve ele no seu livro, no primeiro dos três capítulos que dedica àquele país.».


Ingénuo (de início), como todos os outros estúpidos, acreditava que “fosse de libertação”.

A realidade fala sempre eloquente e convincentemente:
ou seja: a libertação foi e está a ser “um mal superior à repressão de Saddam” ( O irremissível).


Yaroslav entrevistado: «Hoje, lamenta ele, um jornalista ocidental já não pode trabalhar no Iraque. Desloca-se em carro blindado e rodeia-se de guardas armados. Uma entrevista não pode durar mais do que meia hora: “O tempo à justa para ser posto em marcha um rapto. Um ocidental, e tanto faz ser americano como europeu significa actualmente ‘milhões em caixa’”»


Pergunta: Como é que pode haver pessoas (pessoas?) que apoiaram e continuam a apoiar esta invasão-guerra? Houve e ainda há. Muitos deles auto-denominam-se católicos (por exemplo, o sr. Ferrabráz Mendaz, acompanhado de católicos e ateus, o sr. Presidente da Comissão Europeia, o sabichoso José Pacheco Pereira, O das Feiras & Cª.): Isto é que é tristeza!!!

Há quem goste da guerra que é “aquela calamidade composta de todas as calamidades, em que não há mal algum que, ou se não padeça, ou se não tema, nem bem que seja próprio e seguro.” Há quem goste! Os acima citados e quejandos gostam e deliciam-se.

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