1- “Na véspera do primeiro congresso do PPD, em Novembro de 1974, a notícia que aparecia nas primeiras páginas dos jornais era sobre Marcelo Rebelo de Sousa – constava que ia abandonar o PPD porque o partido não era suficientemente à esquerda. Mas, no dia seguinte, Marcelo lá estava. Tinha sido uma encenação, para resolver a luta entre Sá Borges e Sá Carneiro, que se confrontavam pela preparação das listas (SÁBADO, Nº 216 -19 A 25 DE JUNHO DE 2008, pp. 58-64).”
Notar: tinha sido uma encenação.
2- Outra encenação do professor Marcelo: a Vichyssoise não teve lugar.
Finais dos anos 90: Marcelo Rebelo de Sousa, conselheiro de Estado, encontra-se com Paulo Portas, director do Independente. Reunido que tinha sido o Conselho, o director do hebdomadário aprazou um encontro com o conselheiro Marcelo para este lhe segredar o que ocorrera na reunião: o conselheiro não se eximiu a narrar todas as minúcias do consílio, em que até uma Vichyssoise se perfilava no cardápio do jantar.
O semanário relatou essa reunião: só que o narrado por Marcelo, pelo menos a Vichyssoise, não teve lugar.
[Curiosidade, na mesma SÁBADO: “No fim de um congresso ainda muito à esquerda – apareceu uma proposta para nacionalizar cafés, mercearias e barbeiros – o partido decidiu pedir adesão à Internacional Socialista”]
A propósito de “encenação” (compulsando o Dicionário electrónico Houaiss da Língua Portuguesa):
Uma das 4 definições de “encenação” é
“atitude que se caracteriza pela falta de sinceridade ou por não corresponder à verdade, e cujo fito é iludir ou impressionar alguém;
criação fantasiosa, artifício enganoso; cena, invenção, fingimento”.
Dei-me ao luxo de compulsar o vocábulo “fiteiro” e eis o que se me deparou:
Uma das 3 definições de “fiteiro” é “adjetivo e substantivo masculino, que ou aquele que faz fita, que age com intenção de enganar ou impressionar; fingidor, exibicionista
Por sua vez, aquela “fita” é: “substantivo feminino, ação ou fala que visa iludir, enganar ou impressionar; ostentação, manha, fingimento”.
Coligi as coincidências: “encenação”
a) pode ser (“pode ser“, não significa que é) “falta de sinceridade, não corresponde à verdade, cujo fito é iludir ou impressionar alguém”
b) “aquele que faz fita, que age com intenção de enganar ou impressionar; fingidor, exibicionista”
c) “ação ou fala que visa iludir, enganar ou impressionar; ostentação, manha, fingimento”.
3- Mais fitas do professor: “Nem que Cristo desça à terra”
Antes de um Congresso do PSD, perguntaram-lhe sobre as suas intenções de se candidatar e tornar-se presidente do partido, M. Rebelo de Sousa respondeu: Nem que Cristo desça à Terra!
O católico, auto-alcandorado e assumidíssimo (e praticante e devotamente fervoroso?), pecou ao evocar (ou invocar?) o santo nome de Deus em vão e Marcelo foi eleito pelo Congresso como presidente do PSD. Evocou ou invocou?
A arte da encenação e/ou da fita do fiteiro?
Quem ainda acredita no professor apesar da sua competência jurídica?
Por acaso: Durão Barroso-primeiro-ministro, Paulo Portas-ministro, todo o PSD desse primeiro-ministro, J.Pacheco Pereira e quejandos juraram, unhas e dentes afiados, que no Iraque havia, objectiva, comprovada e, daí, indubitavelmente, Armas de DM. Mentiram e daí que a pergunta, de novo, se impõe: Quem ainda acredita?
Até o bush admitiu que afinal essas armas não existiam, não existiram - mentira.
A arte da encenação e/ou da fita dos fiteiros?